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Carta aberta ao meu pai: tudo que vivi na Croácia, o futebol e as perspectivas

Confira a coluna de julho de 2024.

Carta aberta ao meu pai: tudo que vivi na Croácia, o futebol e as perspectivas

Lembro de você falando para mim sobre futebol quando seu pai, meu avô, quebrou o rádio após Ghiggia fazer o gol que fez o Uruguai campeão na Copa de 50. Os dias na Holanda, Bélgica e Croácia me fizeram pensar sobre o envolvimento da nossa família com o futebol.

Te ouvir falando sobre o craque que Cruyff era no carrossel de 74, da passagem do Rei do Galo nos Países Baixos, saber do início de Romário e Ronaldo no PSV, resgatar em minha memória infantil aquela bomba de falta do Branco nas quartas da Copa de 94, a dificuldade que foi a classificação nas semis com o gol do Fenômeno e Taffarel parando nos pênaltis aquele time dos irmãos De Boer, Van der Sar e Kluivert na Copa de 98, que teve em terceiro lugar a Croácia do artilheiro Šuker.

Nos anos 2000, lembro-me de escalar Van Nistelrooy no PlayStation. Em 2010, foi a vez de Sneijder aproveitar o destempero habitual do Felipe Melo. Em 2018, paramos na geração belga de Courtois, De Bruyne e Lukaku. Em 2022, vimos o craque Modrić mostrar que técnica ainda manda na bola.

Estar em Zagreb com esses meninos me mostra o quanto é difícil o caminho do futebol. Logo eu, que em campo somente fazia o arroz com feijão, decidi contribuir com o esporte fora dos gramados. Viajar assim me ajudou a ter mais garra para lutar. Andava num momento em que meu corpo e mente beiravam a exaustão e refletiam em mau humor. Os dias fora me proporcionaram enxergar as coisas de outra forma e a ter confiança em meus objetivos, quando meu inglês, mesmo intermediário, serviu.

Peço desculpas a você, minha mãe e amigos pelos momentos de nervosismo. Me cobro muito para que tudo dê certo. E a estadia em Zagreb é só a ponta final de uma primeira fase desse processo no futebol. É dar tamanho a esses meninos que, em sua maioria, vêm de baixo com o desejo de vencer na vida. A vida no interior é difícil e quero muito que esses atletas se tornem profissionais e sejam espelho para os outros acreditarem. Quero Leopoldina na rota internacional, no topo.

Não tenho problema com o deboche, como fui alvo lá em janeiro. Para atingir determinados resultados, até certo ponto, você será visto como ridículo e somente depois o olhar muda. Agora, volto à minha Atenas, que não é a capital da Grécia, mas é a capital do meu coração. Amo vocês.

Eu e os jogadores na Croácia

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